Tahuantinsuyo Expedition 2006

Caxias do Sul - Bolívia – Peru (sudeste) -

CONCLUSÃO

Dezessete dias de viagem e um total de 8.300 km incluindo trajeto e passeios, -média de aproximadamente 500 km por dia- por caminhos em alguns casos verdadeiramente off-road, pouco conforto, a incerteza do caminho, a incerteza da chegada, a necessidade de analisar o roteiro inúmeras vezes durante o dia, para se certificar que se está no rumo certo, tudo isso para mim pessoalmente é pura adrenalina e me deixa em estado de êxtase e por isso a paixão por este tipo de aventura.

Sei também que nem todos pensam assim, alguns preferem “subir a montanha de helicóptero ao invés de escalá-la” por esta razão, ao voltarmos, por um bom tempo evitei conversar sobre o assunto com minha esposa, pois eu tinha certeza de que ela havia detestado a viagem pelas dificuldades que para mim era a alma da expedição, mas não queria talvez falar para não me magoar. Após várias fujidas do assunto, ela simplesmente me perguntou : Quando é que vamos novamente para a Bolívia ? Não pude crer, aquilo só podia ser uma pegadinha, não estava de acordo com o padrão feminino. Arriscando entrar numa conversa daquelas que todo o homem casado já conhece, dei corda e para minha surpresa ela de fato, tinha adorado a viagem e principalmente a Bolívia, onde percebemos conhecer pessoas altivas, simpáticas e amáveis em todos os locais onde estivemos. Concluímos, portanto, que há um grande erro quando dizem ser a Bolívia o país mais pobre da América do Sul. Um país com pessoas como as que conhecemos, é sem dúvida um país rico, pois tem o que infelizmente falta em quase todos os países denominados ricos, que é a riqueza cultural, a riqueza de espírito das pessoas, a riqueza da amabilidade das pessoas e a riqueza de um sorriso daquela pessoa que jamais a conhecemos, mas que ao cruzar conosco pela rua nos cumprimenta sorridente, como velhos conhecidos.

Voltaremos sim à este país, queremos sentir novamente aquele bem-estar que sentimos, como se estivéssemos em nossa casa.

Esta viagem serviu, finalmente, para contrariar todas as informações que havíamos colhido sobre a Bolívia e para nossa infelicidade percebemos que nossas mentes colonizadas Ainda preferem falar bem da “corte” desprezando tudo que temos mesmo o que é de bom. León Tolstoi afirmava: “se queres ser universal, canta a tua aldeia”, nós, como bons colonizados continuamos cantando a aldeia dos outros. Como bom brasileiro “não desisto nunca”, imagino que algum dia reveremos esta postura que é mais prejudicial à nossos países do que as questões econômicas.