Tahuantinsuyo Expedition 2006

Caxias do Sul - Bolívia – Peru (sudeste) - 4° dia

Segunda-feira, 06/02/2006 : Corumbá (MS) San José de Chiquitos (Bolívia) = 442 km

Hora de partida : 12:30

Quilometragem percorrida : 442 Km

Hora de chegada : 23:00h

Local de chegada : San José de Chiquitos

Abastecimentos : 1. Puerto Suarez (51 l, tanque mais 36 litros nos galões) - Roboré (+- 40 l dois galões de reserva)



No quarto dia, após tomar o café da manhã, fui até a loja que também fazia mangueiras para uso em ambientes de pressão. Como não havia mangueira igual (com malha de aço externa), pedi ao Sr. Marcos que me fizesse uma emenda naquela mesma mangueira. Feito a emenda, fui até um mecânico de motor diesel, para que ele me desse sua opinião sobre a mangueira adaptada. O mecânico muito atencioso me sugeriu que deixasse a mangueira havia adaptado e levasse a outra (emendada) de reserva, porém, na sua opinião a adaptação havia sido bem feita e não haveria problemas maiores. Orgulhoso de saber que minha adaptação tinha sido bem feita, rumei ao hotel onde peguei a família e rumamos para a tão esperada “Bolívia”. Chegando na Aduana boliviana, começou a romaria de documentação para entrar no pais. Fotocópia dos documentos do carro, fotocópia carteira de motorista, fotocópia das folhas iniciais do passaporte e por aí vai. Obviamente todas as fotocópias tinham que ser tiradas em bancas ao redor da aduana, já que a aduana não tinha este tipo de serviço. Após mais de uma hora entre documentos e burocracias sempre acompanhadas de gentilezas e sorrisos simpáticos dos atendentes, fomos liberados. Primeiro passo, trocar alguns dólares no banco “Western Union”, uma quadra após a aduana. Feito o câmbio com a cotação de 7,97 bolivianos para cada dolar, seguimos viagem.


Bolívia (Aduana)



Conserto do pino de centro em El Carmem

Logo após o fim do asfalto, a primeira “tranca” (um misto de pedágio e fiscalização), três senhores cumpriam suas funções da maneira que bem conhecemos no serviço público do Brasil, um vendia os talões de pedágio, um soltava e puxava a corda que era a cancela e outro (um militar) vistoriava os veículos que por ali passassem. Desci da bandeirante, paguei a taxa até Santa Cruz de la Sierra (26,80 Bolivianos +- R$ 7,50) e fiquei conversando com o cobrador do pedágio enquanto os militar procurava, segundo o Lucas, “armas” na bandeirante. O cobrador de pedágio, inconformado com a idéia do militar gritava “Eh Carlo, no hay armas, Carlo, son turistas, que van hacer com armas em Bolívia”. O “Carlo” que não ouvia, continuava procurando “armas” na bandeirante enquanto o cobrador de pedágio gritava “Basta Carlo dejalos no mas, no tienen armas, son turistas, Carlo”. Após a terceira intervenção do cobrador de pedágio, o “Carlo” resolveu nos liberar pois não havia achado armas na bandeirante. Enquanto o “Carlo” buscava por armas, eu curtia algumas “hojitas de coca” com meu novo amigo (o cobrador de pedágio) que me as ofereceu sem nenhum problema, sugerindo ainda, que eu colocasse uma pitada de bicarbonato de sódio em uma “hojita” “para que la coca tuviera mejor efecto”.

A estrada de chão, estava muito boa, até Roboré, o que permitia que andássemos com velocidades de até 90 km/h.


A conseqüência da maravilhosa estrada “asfaltada” entre Mal. Cândido Rondon e Guaíra, se manifestou já na Bolívia, onde constatamos que um pino de centro (perno de centro) dianteiro esquerdo havia se rompido e agora o eixo havia se atravessado alguns centímetros. Chegando em El Carmem (Bolívia) comecei a desmontar o eixo para colocar um parafuso que tinha dentro da caixa de ferramentas que havíamos levado junto, já que obviamente não encontraria em uma vila perdida no interior da Bolívia, um “perno de centro” de Toyota Bandeirante. Após estar quase terminando de montar o eixo com o parafuso substituindo ao “perno de centro”, algumas meninas que passavam perguntaram “Por que não perguntamos ao senhor da esquina se ele não teria a peça que precisávamos”. Por “supormos” que nesta vila não havia nada, não procuramos e tal nossa surpresa quando descobrimos que o senhor da esquina tinha sim um “perno de centro” da Bandeirante, que descobrimos ser o mesmo da Toyota Hilux. Refeito o reparo, agora com a ajuda do senhor da esquina, retomamos a estrada em direção à Roboré.

A parte cômica deste episódio foi o fato de a Helena ter perguntado se o senhor estava com dor de dente. Ao que o senhor sorriu lhe explicando que eram as folhas de coca depositadas na bochecha.


Roboré (O famoso trem da morte)


Trechos alagados (Roboré x S. J. de Chiquitos)

Tendo saído já relativamente tarde de El Carmem e somando-se o fato de pararmos a cada pouco para tirar fotos, chegamos em Roboré aproximadamente as 19:45h a tempo de vermos o embarque e desembarque do famoso “trem da morte”. Em Roboré descobrimos que o “surtidor” (posto de combustível local, fechava às 19:30h e que não adiantava insistir, pois o militar que montava guarda em frente do “surtidor” simplesmente dizia que o atendimento era somente até as 19:30h. Após tentar em vão conseguir combustível, paramos na frente de um “mercado”, onde fizemos um lanche enquanto abastecíamos a Bandeirante com o combustível reserva que levávamos nos dois galões. Seria o suficiente para chegarmos a San José de Chiquitos. Enquanto abastecíamos um senhor local, nos informou que no trecho Roboré a San José de Chiquitos, havia trechos de estrada pavimentados, mas não liberados, no entanto, era possível trafegar por este trechos. Nos alertou, no entanto, que tomássemos cuidado principalmente à noite, com os motoristas de caminhão que viajavam “coqueados” (sob efeito das folhas de coca) e que podem causar acidentes.

Partimos em direção a San José de Chiquitos, e no trajeto constatamos a veracidade da informação do senhor de Roboré, sobre a estrada. No entanto, nos causou surpresa o fato de o pavimento não ser de asfalto, como estamos acostumados, mas sim de concreto cuja camada chegava a 40 cm. No entanto, a estrada era intercalada com trechos de maravilhoso pavimento de concreto com outros de absoluta falta de estrada, que somado ao fato de ser a noite, nos fazia perder muito tempo procurando o caminho que deveríamos tomar. Também nos chamou a atenção a quantidade de caminhões que trafegavam à noite neste trecho, graças a Deus nenhum dos motoristas estava suficientemente “coqueado” a ponto de provocar algum acidente.

Chegamos a San José de Chiquitos por volta das 23:00 horas e de imediato nos instalamos no “Hotel Turubo” bem em frente a praça principal, onde o atendente nos perguntou se queríamos o quarto com ou sem “aire acondicionado”, ao que respondemos que queríamos com “aire acondicionado”, visto que a diferença de preço era muito pequena e não justificava pegar um apartamento sem ar condicionado naquele calor infernal da região.

Logo que entramos no quarto tratamos de ligar o aparelho de ar condicionado que era uma verdadeira maravilha pois esta região da Bolívia é insuportavelmente quente.


Chegada à São José de Chiquitos


Um a um todos foram banhar-se, ficando por último o Lucas. A meia noite, todas as luzes simplesmente apagaram-se deixando o Lucas no escuro enquanto tomava banho. Cansados e sem entender o que havia acontecido, logo dormimos para descobrir ao amanhecer que ali, a meia noite era desligado o gerador que abastecia de eletricidade a cidade, ficando sem energia até o amanhecer. Resumo, mesmo sendo pouca a diferença pagamos por um apartamento com ar condicionado, que não podia ser usado.

A noite anterior, ao chegarmos na cidade, percebemos que o pneu traseiro direito estava furado. Botamos a Bandeirante no “parqueo” (garagem) para resolver o problema ao amanhecer, o que efetivamente fizemos com a ajuda da dona do hotel, que nos chamou um “llantero” (borracheiro) que veio ao hotel de táxi, tirou o pneu da bandeirante, levou de táxi para consertar, consertou-o, trouxe de volta, recolocou-o e voltou de táxi, por Bs. 50,00, aproximadamente R$ 14,00.