Tahuantinsuyo Expedition 2006

Caxias do Sul - Bolívia – Peru (sudeste) - 14° dia

Quinta-feira, 16/02/2006 : Uyuni x Villazon 387 Km (Roteiro de Butch Cassidy e Sundance Kid)

Hora de partida : 17:00 h

Quilometragem percorrida : 387 Km

Hora de chegada : 07:30 h (do dia 17)

Local de chegada : Villazzon

Abastecimentos : 1. Uyuni (35 l)

Pela parte da manhã, pusemo-nos a procurar um guia que nos levasse pelo salar. Não obstante nossa insistência em ir até a “isla del pescado”, dentro do salar de Uyuni, o guia negou-se de maneira firme, dizendo que preferia abrir mão da tarefa pois era muito perigoso tentar ir à ilha, por causa da chuva que literalmente criou um colchão de água de alguns centímetros sobre o salar, como bem pudemos verificar depois. Assim sendo, contentamo-nos em ir até o hotel de sal, que se localiza à 7 km dentro do salar, e que atualmente não pode mais hospedar pessoas, por decisão do governo, que está preocupado com a poluição do salar de onde também é retirado o sal para consumo.





O “Salar de Uyuni” é a maior planície salgada do mundo. Está localizado no Departamento de Potosí, no sudoeste da Bolívia, no altiplano andino, a 3.650m de altitude.

Cerca de 40.000 anos atrás, a área era parte do LagoMichin”, um gigantesco lago pré-histórico. Quando o lago secou, deixou como remanescentes os atuais lagos “Poopó e “Uru Uru”, e dois grandes desertos salgados, “Coipasa” (o menor) e o extenso “Uyuni”. O Salar de “Uyuni tem aproximadamente 12.000km² de área, ou seja, é maior que o lago Titicaca, situado na fronteira entre o Peru e a Bolívia e que apresenta aproximadamente 8.300km².

Estima-se que o Salar de “Uyuni contenha 10 bilhões de toneladas de sal, das quais menos de 25.000 são extraídas anualmente. Além da extração de sal, o salar também é um importante destino turístico. Seus principais pontos de visitação são o hotel de sal, desativado, e a “Isla del Pescado, com suas formações de recife e os cactos de até 10 metros de altura.

No início de novembro, quando começa o verão, é lar de três espécies sul-americanas de flamingos: o chileno, o andino e o flamingo de James. Os flamingos aparecem no verão pois é quando se inicia o período de chuvas e também quando acontece o descongelamento das geleiras nos Andes que deixa o salar coberto de água, tornando-o um imenso lago com profundidade média de 30cm. Nesse período, ele parece um enorme espelho que se confunde no horizonte com o céu. Assim os passeios ficam restritos a algumas áreas. Entretanto, entre abril e novembro todo o salar fica acessível, pois torna-se um imenso deserto seco com uma paisagem ainda mais exótica.

O salar é composto por aproximadamente 11 camadas com espessuras que variam entre 2 e 10 metros, sendo a mais externa de 10 metros. A profundidade total é estimada em 10km e é composta de uma mistura de salmoura e barro lacustre. O salar é também uma das maiores reservas de lítio do mundo, além de conter importantes quantidades de potássio, boro e magnésio.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Salar_de_Uyuni













Após curtirmos por algumas horas, aquele verdadeiro paraíso branco, voltamos à cidade de “Uyuni”, onde levamos a bandeirante para um bom banho em uma das lavagens especializadas em neutralizar o sal que se aloja em todos os veículos que realizam este passeio. Enquanto a bandeirante tinha sua merecida sessão de beleza, almoçamos em um dos inúmeros restaurantes sempre com pouca clientela e que – até hoje não entendi porque - mesmo que estejam ouvindo a mais pura e bonita música folclórica local, trocam por insuportáveis “regaes”, como se nós, pobres turistas fossemos eternos curtidores deste tipo de música.

Enquanto esperávamos a liberação da bandeirante, me informava com diversas pessoas sobre o estado dos aproximadamente 330 km “del camino” até Villazon, na divisa com a Argentina. Todos os com quem conversei respondiam que “el camino” estava “así, así ...”, o que me fez rever o tempo necessário de viagem até Villazon, já que mesmo nos trechos de estrada de terra na Bolívia, conseguíamos manter um “média” de 70 km/h.

Recalculei o trajeto com média de 50 Km/h, o que resultaria em aproximadamente 7 horas de viagem. Como já estávamos acostumados a rodar à noite, visto que nossos 17 dias teriam que render bastante, para cumprir os 8.300 km da viagem, calculei que se saíssemos às 17:00 horas, poderíamos -com esta média-, chegar por volta da meia noite em Villazon, o que nos permitiria aínda descansar em um hotel para no dia seguinte enfrentermos um longo percurso pelo chaco argentino.

Partimos no horário previsto conseguindo cumprir os primeiros aproximadamente 100 km, em uma hora e meia, o que resultou em uma excelente quilometragem média, de aproximadamente 65 km/h. Neste ponto, deparamo-nos com uma ponte que não poderia ser utilizada, já que haviam ruído suas cabeceiras, o que nos fez voltar e entrarmos no leito seco de um daqueles rios de degelo, que se multiplicam nesta região. Seguimos adiante, agora sim com uma velocidade extremamente baixa, dada as condições do trajeto.





Por volta das 19:00 h, estávamos em “Atocha”, onde literalmente começaria a grande aventura off-road, percorrendo a famosa “ruta de Butch Cassidy e Sundance Kid” rota esta percorrida pelos famosos bandido americanos que após fugirem dos EUA foram para a Argentina, Chile e finalmente Bolívia, onde foram mortos pelos bolivianos na vila (mina) de “San Vicente”, após terem assaltado o trem que levava o pagamento dos mineiros. Entramos em uma verdadeira trilha daquelas de não se botar defeitos, em direção a cidade de “Tatasi”, onde nos obrigamos a esperar que alguém nos indicasse por onde deveríamos ir, já que não se via nada parecido com uma estrada e sim marcas de pneus em várias direções. Um caminhoneiro, que transportava os mineiros para o trabalho, parou e nos orientou por onde deveríamos seguir. “Maravilha !”, era tudo que se poderia querer (em outro momento, não naquele), após andarmos quase que o tempo todo por dentro dos leitos de rios de degelo, subindo e descendo cerros cuja altitude variava entre 2.500 e 4.600 metros, começaram as surpresas, numa vila chamada “Ventilhas”, chegamos quase perto da meia-noite e encontramos uma das famosas “trancas”, muito comuns pelo interior da bolívia. Após esperar e finalmente chegar a conclusão de que teríamos que dormir a primeira noite em barracas que sempre levamos para emergências, aparece um senhor com um pedaço de papel e um lápis e se pôs a anotar placa da bandeirante, nome das pessoas que estavam no grupo, orígem e destino e finalmente disse em tom solene após abrir a tranca : “pueden ir”. Após perguntar o nome da vila, perguntei ao senhor se passavam muitos carros por alí, ao que ele respondeu também em tom solene e respeitoso “unos tres o quatro por semana

Seguimos adiante, curtindo a nossa aventura onde a única segurança que tinhamos de estar no rumo certo, era o GPS, que a cada instante consultava para ver se aparecia a cidade de “Tupiza”, nosso destino imediato. Aproximadamente três horas da manhã, chegamos à uma vila-mina chamada “Chilcobija”, onde também havia uma “tranca”, que nos impossibiolitava seguir adiante, visto que não havia como desviar a famosa “tranca”. Após quase meia hora tentando ultrapassar a porteira, surge o responsável pela chave, que abriu a tranca sem nenhuma cerimônia e nos liberou para cumprirmos o resto de nosso caminho, que agora teríamos de terminar sem dormir, visto que a média estava exageradamente baixa e a esta altura estávamos aproximadamente na metade do caminho, sem que houvesse, como pudemos constatar depois, nenhuma vila ou cidade que tivesse um hotel por mais simple que fosse, onde pudessemos descansar para seguir o roteiro no dia seguinte. Por volta das 6:00 horas da manhã do dia 17, finalmente chegamos à cidade de “Tupiza”, onde abastecemos e decidimos seguir adiante sem dormir, já que teríamos mesmo que, neste mesmo dia, seguir rumo ao Brasil, pois a Helena tinha compromisso inadiável no dia 20/02 (segunda-feira). Chegamos a “Villazon” por volta de 7:30h, onde fizemos um rápido lanche e seguimos adiante indo dormir na cidade de Joaquim V. Gonzales.



Portugalete



San Vicente



Tupiza



Tupiza