Tahuantinsuyo Expedition 2006

Caxias do Sul - Bolívia – Peru (sudeste) - 16° dia

Sábado, 18/02/2006 : Joaquim V. Gonzales (Argentina) x São Borja 1.023 Km

Hora de partida : 13:-00 h

Quilometragem percorrida : 1.023 Km

Hora de chegada : 03:00h (19/02)

Local de chegada : São Borja

Abastecimentos : 1. Joaquim V. Gonzales (38 l) – 2. Pampa del Infierno (51 l) – 3. Barranqueras – Corrientes (38 l)



Seguimos pela “ruta 34”, logo a seguir aruta 16, chegando a Joaquin Victor González, uma típica cidade do noroeste da Argentina, com seus 20.000 habitantes aproximadamente e que está situada no departamento de Anta, província de Salta.

A cidade está localizada em uma planície, com ruas largas e bem delineadas.

Ao chegarmos, à noite, já percebemos a diferença cultural dos argentinos com os demais povos da América do Sul. Nesta cidade, bastante pequena, vários bares e restaurantes espalhados e invariavelmente cheios onde se notava a alma argentina, na qual está inserido a ritual de manter longas conversas em grupo, onde se discutem os mais variados assuntos, desde futebol até política, passando por religião, economia e outros.

Cansados que estávamos por não ter dormido a noite anterior, percorrendo o roteiro de Butch Cassidy e Sundande Kid, fomos de imediato em busca de um hotel.

Escolhemos o terceiro que visitamos. Porém, antes de decidirmos, confirmei com o dono do hotel se eu poderia pagar o hotel em dólar americano, ao que o senhor respondeu que sim, mas que pagaria somente 2,80 pesos argentinos por dólar, e não o valor do câmbio normal, que era de 3 pesos por dólar. Como não queríamos cambiar os dólares pois no outro dia já estaríamos fora da Argentina e os abastecimentos e lanches vínhamos pagando com cartão de crédito, aceitamos a cotação do “gentil” senhor.

Deixamos a bagagem no quarto e fomos até a praça principal rodeada de bares e banquinhas de sanduíches e tentamos jantar, o que se mostrou impossível, já que ninguém trabalhava com cartão de crédito e também não aceitavam dólares como pagamento. Só nos restou então comer algumas bolachas e sanduíches que levávamos durante a viagem e dormir, o que não foi nada difícil devido ao cansaço que nos encontrávamos.



Os que denigrem a imagem de uma nação

No dia seguinte acordamos, tomamos o café da manhã no hotel e fomos pagar as despesas, quando para nossa surpresa, o dono do hotel através de seu funcionário mandou avisar que a cotação que estaria utilizando era de 2,60 pesos por dólar, e não os 2,80 combinados na noite anterior.

Me senti ultrajado e pedi ao funcionário que chamasse o dono do hotel para conversarmos pois o combinado na noite anterior não era aquilo. O funcionário gentilmente dirigiu-se ao escritório do senhor retornando logo em seguida, dizendo que o o proprietário havia mandado dizer que pagaria somente 2,60 pesos por dólar. Insisti em falar com aquela pessoa que visivelmente estava escondendo-se de mim e que vergonhosamente não estava mantendo sua palavra dada na noite anterior. Insisti para conversar pessoalmente com o proprietário e por várias vezes o funcionário insistiu que o senhor viesse até a recepção. Neste momento eu já havia esgotado minha cota de paciência e em voz alta dizia que o senhor em questão não era homem e que desonrava a povo argentino, o que nada adiantou, já que o agora comprovadamente sem palavra e covarde proprietário do hotel não apareceu para conversar comigo.

Dei-me conta que tinha que me controlar pois não estava em meu pais e que poderia criar problemas para mim e minha família. Não querendo dar o braço a torcer, saí em busca de alguém que fizesse o câmbio, mesmo que pagasse menos ainda que o vergonhoso cidadão argentino. Após receber alguns sonoros “NO”, consegui cambiar 100 dólares pelos quais recebi 300 pesos ou seja, a cotação normal de 3 por 1. Voltei ao hotel, paguei as despesas em peso argentino e fiz o maior escândalo quando tentaram me dar de troco notas de peso rasuradas e até rasgadas. Não as aceitei e fiz com que fossem em busca de notas de boa qualidade pois, disse eu, não tinha confiança em receber notas rasuradas de pessoas como o dono do hotel, já que ao meu ver poderiam ser falsas dado o perfil do senhor.

Após sentir-me vingado, dirigimo-nos ao posto de combustível para abastecer. Como tinha pesos argentinos mas não os queria gastar reservando-os para alguma emergência, perguntei ao dono do posto se podia pagar com “tarjeta de crédito”, ao que ele me respondeu: “Bueno hace mas de año que no usamos na maquina de tarjeta, ya que nadie la usa por la crisis, vamos intentar !”. Para minha felicidade a máquina “ainda estava viva” o que permitiu com que pagássemos o combustível com cartão de crédito, e literalmente fugimos desta cidade que não recomendamos a ninguém que nela pare sequer para abastecer ou fazer um lanche.

Seguimos pela longa reta que é a “ruta” 16 sentindo-nos felizes em deixar para tráz aquela cidade que nos deixou horrorizados pela forma como tratam as pessoas que se atrevem por ali passar. Já ao anoitecer chegamos a Corrientes, onde fomos a um hiper mercado onde após jantarmos fizemos alguns minutos de relax para a seguir seguirmos viagem com destino a São Borja onde durmiríamos a última noite de nossa aventura. Durante todo o trecho percorrido até a divisa com o Rio Grande do Sul foi percorrido sem nenhum problema, a não ser o cansaço que já tomava conta de todos principalmente pela monotonia da estrada plana e reta.

Próximo às três horas da manhã chegamos a São Borja, já no Brasil e fomos direto ao primeiro hotel que encontramos onde tivemos um excelente repouso que nos reporia as energias para percorrer os 635 quilômetros finais que nos separava de casa.