Tahuantinsuyo Expedition 2006

Bolívia – Peru


O sonho de conhecer a Bolívia e Peru de jipe


Sempre quis conhecer o país vizinho apontado como o mais pobre da América do Sul. Sempre quis conhecê-lo da forma mais profunda, ou seja, conhecendo seu povo e seu interior. Sempre quis conhecê-lo fazendo um trajeto pouco convencional que é cruzando a fronteira por Corumbá no Brasil e seguindo até Santa Cruz de la Sierra. Precisava fazer este trecho, principalmente, pelo fato de estar sendo construída a estrada que até então não existia, já que depois de pronta até de uno mille seria possível fazer.


Para fazer o roteiro, mantive contatos com várias pessoas sobre o estado do trecho, começando há uns três anos atrás, quando liguei para a embaixada da Bolívia no Brasil, onde me informaram que não havia caminho para veículos, sendo necessário botar o jipe sobre uma plataforma do famoso “tren de la muerte”, na cidade de Puerto Suarez e desembarcá-lo em Santa Cruz de la Sierra. Não me dei por vencido e a cada pessoa que tivesse estado perto de Corumbá, pedia informações por e-mail, telefone ou qualquer outro meio que fosse possível, até que no final do ano de 2005, um boliviano me garantiu que veio de Santa Cruz a Corumbá de veículo e não de trem, como seria de se esperar. Foi o suficiente para eu localizar a minha planilha de viagem feita há uns três anos atrás e reimprimi-la para começar o projeto da viagem. Família convencida de que era importante fazer o trajeto antes de construírem a estrada que segundo informações estaria sendo construída pela Petrobrás, iniciamos os preparativos para a viagem. Documentação, vacinas, equipamentos de viagem, bagagem, kits de peças de fácil substituição, para emergências mecânicas, bagageiro refeito com chapas de alumínio para melhor aproveitamento e diminuição de peso e estávamos prontos para aventura épica de nossas vidas, principalmente pelo fato de irmos com somente um veículo. Primeiro problema, somente poderíamos sair em fevereiro tendo em vista a colação de grau do Lucas que se formava no final do mês de janeiro em publicidade e propaganda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); segundo problema, teríamos que estar de volta no máximo no dia 19 de fevereiro pois a Helena começava as aulas no dia 20 de fevereiro. Resultado 17 dias para percorrer 8.300 km de estradas nem sempre boas.


Não importava, a vontade de fazer a viagem era maior do que todos os empecilhos que surgiam. Até o dia de sairmos, ouvimos todas as “histórias” possíveis sobre a Bolívia. histórias de guerrilheiros, de traficantes de droga que matavam a sangue frio, de assaltantes que matavam e jogavam os corpos em valas comuns e muitas outras que deixariam qualquer um apavorado. Não nos demos por vencidos e mantivemos nossos planos contrariando a tudo e a todos. Assim, no dia 3 de fevereiro pusemo-nos em marcha rumo à região do “Collasuyo” que constituía parte do Chile, Bolívia e sul do Peru e que fazia parte do império inca cujo nome era “Tahuantinsuyo” .